EX-POETA
Tédios dilatados e ânimos mínimos
Um vazio maciço que macera estímulos
Nenhuma palavra brota dos meus lábios
Meus fáceis enredos perderam-se em limbos. . .
Eu . . . que achava estrelas em cúmulos-nimbos
que tirava leite de pedras de sal
que jorrava odes . . . agora não rimo
nem amor com flor . . . Oh! Sina brutal!
Minha inspiração fugiu, me abandonou
se ‘teleportou’ pro espaço sideral
‘se mandou’ de mim e nunca mais voltou. . .
nem rastro deixou . . . sequer me deu tchau
Incapaz agora de um versinho esquálido
uma trova pálida, um haicai raquítico
eis-me aqui: fatídico, apático, inválido
‘Ex-poeta’ . . . gélido . . . pré-apocalíptico
Eu, antes intrépido, ‘lépido e fagueiro’
‘rápido e rasteiro’, múltiplo e eclético
tornei-me um estúpido . . . Não fedo nem cheiro
Durmo o dia inteiro . . . Sinto-me patético
Sei que não há médico, sábio ou feiticeiro
que possa livrar-me desta maldição. . .
Conformado, aguardo o dia derradeiro
sonhando ser bardo . . . noutra encarnação.
PAULO MIRANDA BARRETO
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição CompartilhaIgual 4.0 Internacional -.
Que maravilha! Belíssima construção!
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Valeu,hangferrero.Abraço.
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