SE A POESIA FOR PECADO

SE A POESIA FOR PECADO

Bebo até passar a fome

Até esquecer meu nome

e o lugar no qual estou

Consumo o que me consome

pois, o mal que me carcome

por dentro, se enraizou

Não tenho medo da morte

Morrer é um golpe de sorte

pro que, em vida, só penou

Que a morte, pois, me conforte

ou, que após ela, eu suporte

a sina . . . de quem pecou!

Se for pecado a poesia

como eu me defenderia?

Vivi sempre a versejar. . .

Deus! Jesus! Santa Maria!

Se eu pequei, foi por mania

de ser quem sou. . . e sonhar.

PAULO MIRANDA BARRETO

Direitos Reservados

NATIMORTO AMOR

NATIMORTO AMOR

amor tecido

amor rasgado

amor cerzido

amor talhado

amor tolhido

amor roubado

amor bandido

e debandado

amor doado

amor doído

amor mordido

e amordaçado

amor falido

e mal falado

amor fingido

amor forjado

amor vencido

amor mofado

amornecido

ou resfriado

amor ferido

amor furado

amor nascido

morto (e enterrado).

PAULO MIRANDA BARRETO

Direitos Reservados

SÓ NO SEU

SÓ NO SEU

Vamos lá, meu bem, relaxe!

Não me xingue, não me escrache

nem se avexe assim comigo!

Deixe que eu pague uma quiche

um brioche, um sanduíche

um chá com torta de figo

Talvez um sorvetinho de pistache

Vamos lá, não me esculache!

Deixe de ser tão turrona!

Vamos sair . . .  Sei lá, jogar boliche

Ir flanar no shopping ou dançar maxixe

Não sei com que é que se decepciona!

Eu sou fiel! Fiel, como de praxe

Muito embora você ache

que desdenho o seu apego. . .

Amo você . . . O resto, que se lixe!

Seu beijo é o meu único fetiche. . .

Se achegue . . . Eu só quero o seu chamego

Benzinho, sem estresse, descomplique-se

Não seja paranoica, não se fixe

só no que desconfia. É o que rogo

Deixe que o nosso amor só multiplique-se

Não me condene, puna ou crucifixe. . .

Só no seu oceano. . . é que me afogo.

PAULO MIRANDA BARRETO

TONHO

TONHO

TONHO

Desde que foi derrotado

em Vitória da Conquista

por um outro repentista

Tonho quedou desolado

Misantropo e acabrunhado

definhou que dá  na vista . . .

Nem parece aquele artista   

destemido e afiado!

Pôs a viola num saco

deixou de cantar repente

e de prosear com a gente. . .

Já nem sai de seu barraco

Emagreceu . . . Tá um caco

Apático e indiferente . . .

Tão jovem e inteligente!

Não tinha nada de fraco!

Se desse a volta por cima

marcava revanche e ia

com coragem pra Bahia

dar uma surra de rima

naquele um sem estima

que eu já vi levar, um dia,

uma pisa em Pau da Lima

de um cantador que valia

bem menos que nosso Tonho . . .

Se ele voltasse, o vencia

mas, ficou murcho, tristonho

perdeu toda a valentia

Rapaz! Parece até sonho!

Logo o Tonho! Quem diria?

Medo é um bicho medonho . . .

Levou Tonho à afasia!

Dói demais ver nosso Tonho

que era o rei da cantoria

entregar-se a apatia

passar de alegre a enfadonho

passar, de gênio a bisonho

e desistir da alegria. . .

Vivia safo e risonho

Já hoje . . . nem assovia.

PAULO MIRANDA BARRETO

POEMA COM SISO

POEMA COM SISO

sem sorriso cruzo a crise

e, com siso, friso a frase

que represe e não  reprise

outra cisão que me arrase

talvez, a reza suavize

a aspereza dessa fase

e, o tempo Rei me imunize

e, a vida, outra vez me ase

para que eu não mais precise

dobrar, triplicar a dose

de ilusão que minimize

ou que exorcize a neurose

mas, caso a dor paralise

minha esperança e necrose

meu corpo ou, desenraize

minh’alma, quem sabe, eu goze

PAULO MIRANDA BARRETO

TRISTES DIAS

TRISTES DIAS

Você me diz: -Vá com Deus

nestes nossos tristes dias

e, penso com os botões meus:

Deus anda em más companhias?

Agora, tenho a fé de um chimpanzé

que foi criado e vive num zoológico. . .

E, quando olho o mundo, penso até

que Deus, não anda lá ‘muito católico’.

PAULO MIRANDA BARRETO

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição Compartilha  Igual 4.0 Internacional -.

ENTRE AS PERNAS

Entre quatro paredes

Entre céus e cidades

Entre nós (sãos e sós)

dentre as grades





Entre cactos verdes

Entre meias verdades

Entre falsos heróis

e covardes





Tomo porres de sede

Lambo luzes e alardes

Chovo trevas e pós

sobre as tardes





Entre grises granizos

e partidos cristais

guardo sóis indecisos

e esse verso voraz





Bem escrito e mal dito

entre linhas cruzadas

entre o teu labirinto

e os  meus nadas. . .





Entre fulo e aflito

o recito entredentes

Ah! Poema imperfeito

que interdita os poentes!





Entre o agora e o antes

ressuscito a má sorte

e me acabo infinito

entre as pernas da morte





Finalmente levito

Nu de mim . . . entre nuvens

Rompe ventres meu grito

(mesmo assim . . .  não me ouves)!

PAULO MIRANDA BARRETO

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.

GROSELHA

GROSELHA1

GROSELHA

 

Parece, meu povo, que a ‘nova política’

entrou de cabeça no jogo ‘da velha’

Então, ficou claro que a tal claque mítica

fingiu ser vinho fino e,  é só . . . groselha.

 

PAULO MIRANDA BARRETO

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição Compartilha  Igual 4.0 Internacional -.

HÁ NORMAL?

 

NORMAL

HÁ NORMAL?

 

Há tempos há temporais

bonanças contemporâneas

tempestades tropicais

tropicálias instantâneas

 

 

eternas (ou momentâneas)

mais do mesmo e, ademais

mais Anitas que Bethânias

Chicos, Caetanos e tais

 

 

Ainda há verde (é verdade!)

Ainda há bem! (Nada mal!).

Mas, será que a realidade

é fantástica ou . . .  boçal?

 

 

Será que há normalidade

baby, no novo normal?

(ou sofisticaram a banalidade

e anormalidade, hoje, é natural?).

 

PAULO MIRANDA BARRETO

 Imagem: ALESSANDRO GOTTARDO

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição Compartilha  Igual 4.0 Internacional -.

PROFECIA PROFILÁTICA

dúvida77

PROFECIA PROFILÁTICA

 

A Terra parou

(Nós continuamos)?

 

O Mundo, não acabou

(Nós apenas começamos)?

 

PAULO MIRANDA BARRETO

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição Compartilha  Igual 4.0 Internacional -.